domingo, 7 de janeiro de 2018

Primeiro Conflito – Love Conflict

Hinata Ema/Asahina Ema
Todos estavam torcendo por mim e pelo Yuusuke-kun, para que passássemos na Universidade Meiji. Felizmente, ambos fomos aprovados com êxito. Estavam todos na sala de jantar, no térreo, comemorando por termos conseguido. Natsume-san também havia vindo nos prestigiar nessa data especial, uma vez que seu trabalho estava mais tranquilo, e segundo nos foi transmitido, ele fazia questão de aparecer na mansão. Hikaru-san havia acabado de voltar de sua viagem à França, depois de meses fazendo pesquisas para seu próximo romance investigativo, e Louis terminou seu expediente mais cedo no salão de beleza. Portanto, a Família Asahina estava completa, em uma das noites mais importantes da minha vida, para a minha felicidade. O advogado foi o primeiro a tomar a palavra, com sua voz solene:
― Parabéns pelo esforço ― Ukyou-san nos elogiou, e tanto eu quanto Yuusuke-kun nos sentimos gratos pelas palavras
― Realmente deu o seu melhor, Imouto-chan! ― Kaname-san se pronunciou, em seguida, arrancando-me um sorriso tímido. Aquele monge realmente sabe como me alegrar. Sinto-me bem em ter alguém extrovertido em nosso meio.
― A Onee-chan é incrível ― Wataru-chan comentou, com um sorriso de ponta a ponta. Meu irmãozinho é uma fofura de gente!
― Ei, ninguém vai falar de mim, não? ― Yuusuke-kun perguntou, um tanto incomodado e enciumado, pelo fato de os elogios serem direcionados a mim
― Você já é cabeção, dispensa comentários! ― Estava demorando para Fuuto-kun chegar com sua língua afiada e provocativa de sempre, em sua forma mais sarcástica em relação ao irmão, deixando-o irritado
― Você! ― Yuusuke-kun exclamou furioso para o mais novo, que fingiu não estar nem aí com a reação dele.
― Bem, bem ― Masaomi-san estava tentando acalmar os hormônios entre ambos ― Hoje é dia de comemoração, e não de conflitos, certo? ― Ele indagou, mostrando sua forma angelical de ser, o que fez com que os dois adolescentes concordassem silenciosamente, já que era Masaomi quem estava pedindo. Viraram a cara um para outro e depois se calaram.
Para que animasse um pouco mais o Yuusuke-kun, Natsume-san decidiu parabenizá-lo:
― Parabéns para você também, Yuusuke. Vejo que se esforçou bastante. ― A voz dele era firme, satisfazendo ao ruivo.
― Obrigado, Natsu-nii. ― Ele tinha um sorriso no rosto ― Agora vou poder estudar na mesma Universidade que a Ema! ― Ele comentou, alegremente, fazendo-me ficar tímida, de repente, mas não demorou muito para que meus olhos brilhassem novamente. A atmosfera entre nós voltou ao normal, retornando ao objetivo inicial, que era nos alegrar. Brindamos, rimos e sorrimos.
A situação ficou mais séria quando Subaru-san me questionou:
― Falando nisso, Ema... ― Ele ficou pensativo ― por que você escolheu a Universidade Meiji?
“Para ficar mais perto de você”, era o que se passava na minha cabeça, mas não teria audácia suficiente para falar uma frase dessas na frente de toda aquela gente, por mais que fôssemos uma família unida.
Constrangida, eu respondo, hesitante:
― Ah... É porque... fica mais perto de casa ― Eu me atrapalhei com as palavras
― Hum... ― Fez o rapaz, pensativo ― Entendi
Eu pouco me convenci com a resposta dele. Parecia que ele sabia que eu escondia algo dele, porque me olhou analítico, de canto. Quando todos nós terminamos o jantar, eu me ofereci para lavar a louça com o Ukyou-san, para agradecê-lo pela noite especial. No entanto, uma voz determinada contraria meu desejo e diz:
― Desculpe, Kyo-nii, mas será que eu posso ter uma palavrinha com a Ema?
― Claro. ― O mais velho responde, receptivo, e eu congelo. Ukyou-san apenas finge não perceber a minha reação, e nos deixa a sós. Não me sinto confortável com a situação. Alguém mais poderia nos escutar, eu não estava pronta para lhe dar nenhuma resposta. Decido subir as escadas, em direção ao meu quarto, mas não tenho sorte alguma Ele me para, segurando meus braços com força, olhando fixamente para mim, me impedindo de continuar a caminhar justo quando eu estava na metade da escadaria. Ficamos frente a frente quando ele decidiu me indagar:
― Agora que estamos a sós... ― Quando ele começou a falar, eu fiquei imóvel ― Diga-me, por que escolheu a Universidade Meiji?
― Eu já disse ― Tentei convencê-lo, obviamente sem sucesso
― Você acha mesmo que eu acredito naquilo? Pode até ser verdade que fica perto de casa, mas esse não é o único motivo
“E está longe de ser”
― Vamos, desembucha! ― Exigiu, enérgico, fitando-me, e colocando-me contra a parede
― Subaru-san... ― Comecei, e ele logo me cortou
― Sem formalidades ― Disse, mais ameno ― Me chame pelo meu nome
Corei
― Então, Subaru ― Eu estava hesitante, ainda era estranho chamá-lo pelo seu nome, sem utilizar honoríficos ― É porque eu...
Ele esperou eu concluir a frase, sem desviar o seu olhar do meu, nem por um segundo. Ele estava me encarando intensamente
Respirei fundo, e lhe disse de uma vez, um pouco desesperada, antes que eu desistisse de novo:
―... Eu quero ficar mais perto de você. Quero torcer por você nos seus campeonatos e treinos da Universidade, porque eu gosto muito de te ver você dando o seu melhor no basquete, fazendo o que gosta.
― Ema você... ― Agora era ele que estava sem reação e impressionado com as minhas palavras, as quais disse após reunir toda a coragem que me restava.
“Você gosta de mim?” Era o que ele provavelmente estava prestes a dizer, contudo, uma voz reconhecível a nós dois completou esse pensamento por ele.
― Você gosta do Subaru? ― Natsume-san, que estava prestes a subir a escadaria em direção ao seu dormitório, passou pelo corredor do térreo, e sem querer, escutou o nosso diálogo. Curioso, me indagou sem mais delongas, me deixando sem saída.  
“De repente, era melhor e mais fácil permanecer na sala de jantar para uma conversa civilizada e sigilosa”, refleti. “Mais fácil ainda seria lavar e enxugar os pratos e só ver o rosto dos meus irmãos amanhã de manhã”
― Eu... Gosto ― Respondo, sentindo o meu rosto corar, e o meu coração saltitar. Eu tinha verdadeiros sentimentos por Subaru... Mas também, não podia negar que o meu peito pulava de alegria e ansiedade ao ver aqueles fios alaranjados e aquelas íris violetas bem em minha frente. Estava ficando confusa de novo. Divida entre duas pessoas tão ímpares, tão importantes para mim...
Natsume-san nada me respondeu em palavras, só com um olhar. Ao invés disso, confrontou Subaru, que também não perdeu tempo para encará-lo.
― Natsu-nii ― Pronunciou o nome do irmão, um pouco alterado
― Subaru, podemos conversar? ― Questionou, controlado e firme, como de costume.
― Claro ― Respondeu, tentando soar indiferente
E depois daquela resposta, eu senti e pressenti que a noite ainda seria longa.

Asahina Natsume
Chamei Subaru para uma conversa de homem para homem. Ema imediatamente se retirou, alegando que iria dormir. Eu duvidava que a garota adormeceria tão rapidamente, depois de se espantar com a minha aparição repentina, entretanto, em todo caso, o fato de ela se retirar nos ajudou muito, já que o assunto era exatamente ela. Decidi que iríamos à sala principal, no térreo, e eu não sairia de lá enquanto não soubesse dos reais sentimentos e intenções de Subaru em relação à Ema.
― Por que você teve que deixá-la desconfortável durante o jantar? ― Perguntei, como forma de arranjar um pretexto para o assunto principal, sem contar que, aquilo não era apenas uma mera estratégia. Eu não gostava de ver as pessoas que eu amo desconfortáveis, ainda mais em se tratando de uma garota tão dócil, meiga e sensível como Ema, a nossa irmã de consideração, e a garota que me fascina mais do que ninguém. Eu sou louco por ela!
― Eu só fiz uma pergunta! ― Ele se defendeu ― Não sabia que ela ficaria daquele jeito. Além do mais, o Yuusuke....
― Não coloque os outros no meio da conversa! ― Lhe pedi, assertivo, sabendo das habilidades dele para “encontrar uma resposta cabível” para tudo que existia na Terra. ― Parece que você não a conhece tanto quanto supõe
― E o que você sabe sobre ela, Natsu-nii? ― Ele devolveu, enérgico
― Ela é doce, meiga, sincera e às vezes, insegura. Ela é preocupada até demais conosco, e por isso, não se expressa com a facilidade que gostaria. Antes doa para nós, irmãos, do que para ela, que já pensa tanto nos outros. Com uma pessoa tão preciosa, que possui tanta empatia e um coração de ouro, nós temos que ser pacientes e deixá-la confortável. Coisa que você parece não saber, Subaru, já que é impulsivo demais em situações delicadas. Ou você vai negar que estava todo feliz em saber que a Ema passou na mesma Universidade que você?
Ele estava visivelmente vermelho.
― Estava sim ― Ele confessou. Finalmente estávamos chegando em algum lugar
― Aliás, entender o coração puro e amável de uma garota é o primeiro passo para conquistá-la ― Lhe disse, mantendo a minha voz normal, em forma de conselho, que, de maneira mais direita equivaleria a: “você já deveria saber disso, meu irmão”
― Onde você quer chegar com tudo isso, Natsu-nii??
“Que ótimo! Mordeu a minha isca”, pensei comigo. Em seguida, inquiri a ele:
― Você gosta da Ema, certo?
― Gosto ― Ele revelou, um pouco incomodado por ter que se abrir a respeito de algo pessoal. Típico dele.
― De que maneira? ― Eu o instiguei a falar o que sentia. Subaru sempre teve dificuldades com sentimentos, e isso era algo que tínhamos em comum, com a diferença de que era muito mais difícil para ele se expressar do que eu.
― Da mesma maneira que você, eu suponho. A Ema é especial para mim.
Olhei para o meu irmão, estudando sua expressão, e percebi que ele estava sendo sincero em seus dizeres. Ele prosseguiu sua fala, afirmando:
― Somos rivais no amor
― Três pontos? ― Subaru me questiona, frisando a primeira palavra ― Como assim?  
― Quer dizer conquistá-la em três lugares diferentes: Em sua mente, em seu coração, e em seus lábios. ― Eu lhe expliquei, calmamente.
Subaru ficou claramente alterado após escutar a minha declaração, e disse, determinado e irado:
― Eu ainda vou conquistar a Ema. Você vai ver, Natsu-nii!!
― Você pode conquistar a Ema...  Mas, o coração dela... Quem garante? ― Eu desafiei o meu irmão. E, bem no momento em que ia respondê-lo, alguém aparece de surpresa:
― Hum... Então você se garante, Natsume? ― Azusa, que veio até o térreo pegar uma cerveja para, ao que parecia, descansar na sala, indagou, surgindo bem atrás de mim, acompanhado de Tsubaki
― Azusa! Tsubaki!  ― Me surpreendi ao vê-los. A expressão no rosto de Subaru era idêntica à minha. Ele também não esperava que tivéssemos “visitas” em plena discussão.
Tsubaki, ao ver a nossa expressão de assustados, disse:
― Que caras são essas, gente? Relaxem, só estamos de passagem ― Ele sorria de forma suspeita. Azusa emendou a fala de nosso gêmeo, perguntando:
― Quer dizer que você se garante, Natsume? ― Azusa insistiu para que eu confirmasse a veracidade do fato
― Claro que sim. Se não tivesse tanta certeza do meu sentimento não perguntaria para ele ― Apontei para Subaru, que se manteve calado, e deixou que a conversa fluísse apenas entre nós, trigêmeos.
― Até onde vocês ouviram a nossa conversa? Respondam francamente vocês dois ― Eu exigi, tendo consciência de que poderiam nos esconder algo
― Só a última parte ― Azusa começou, sinceramente. Eu os conhecia bem para saber quando estavam falando a verdade e quando era só uma “interpretação”, por conta da habilidade que tinham em encenar devido à profissão ― O que é mais do que suficiente para que saibamos que você ama a Ema
Assenti, engolindo em seco levemente, e ele continuou
― Eu vou fazer 4 pontos
Eu e Subaru arregalamos os olhos diante daquilo.
― “Quatro pontos”? ― Subaru, que permaneceu quieto durante minutos de debate, decidiu se pronunciar uma vez mais ― Não existe “cesta de quatro pontos” ― Ele alegou, claramente tentando compreender a fala de Azusa através de seu conhecimento do esporte.
― Exatamente. O “ponto extra” é a confiança dela. Ela tem que confiar no parceiro, para que eu possa tocá-la inteiramente, e tê-la comigo para sempre ― Azusa se justificou, nos deixando pasmados, e quem mais ficou impressionado fui eu e Tsubaki, por convivermos mais tempo juntos. Nunca havia dito algo tão audacioso antes ― E aposto que eu não serei o único a tentar conseguir fazer isso ― Ele disse, na direção de Subaru e na minha, olhando intencionalmente para Tsubaki, que confirmou a “teoria” ao comentar:
― Conflito do Amor, hein? Gostei ― Diz, exibindo um sorriso torto ― Também vou querer participar.
― Ei! Isso não é uma competição, ou um game que vocês dublam ― Chamei a atenção de meus irmãos gêmeos, com o meu olhar fixo em cada um deles
― Tem razão, Natsume. Isso não é um game que nós dublamos. É um conflito no qual nós somos os protagonistas. ― Declarou Azusa ― Então fiquem espetos vocês três. ― Advertiu, com uma olhadela crítica para mim, seguido por Subaru e Tsubaki ― Vamos ver quem conseguirá escrever a nossa “História de Amor” como o Hikaru nii-san faz, porém... ― Ele fez um pequeno suspense antes de concluir seu pensamento, atraindo todos os nossos olhares de uma só vez em sua direção ―.... Na vida real... e com a Ema
Eis o “Conflito do Amor” na Família Asahina. Sua chama havia acabado de se acender, e este era só o início de muitos conflitos entre nós, os irmãos.
Uma garota e quatro corações dispostos a tê-la para si. Qual de nós será que ela vai escolher?
Sinceramente, espero que seja a mim. Por quê? Porque segundo ela mesma disse certa vez, eu sou o irmão que mais a compreendo, e modéstia à parte, isso é verdade. Eu procuro entendê-la completamente, e a amo do fundo do coração.

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