sábado, 16 de janeiro de 2016

[Fanfic] Novos começos - Capítulo 12

Depois de ler essa mensagem eu fique tensa pra caramba, mais tensa que no começo da manhã.  Makoto deve ter percebido a minha tensão estampada no rosto logo depois de adentrar a loja novamente, porque ele chegou bem próximo de mim e sussurrou no meu ouvido:
Não se preocupe com nada, eu estarei com você, sua tonta!
Obrigada sussurrei de volta Estou mais calma agora garanti a ele, porque percebi que até mesmo ele não estava tão confortável com a situação.
Podia ser impressão nossa, mas sentimos que todos os outros queriam saber o motivo dos sussurros entre a gente. Resolvemos aproveitar a deixa (e a nossa pausa) para falar logo de cara:
Vamos sair mais cedo do expediente hoje nós anunciamos em uníssono
Eles nos lançaram olhares suspeitos aos quais nós respondemos, corados:
Ei, não é o que estão pensando e balançamos a cabeça, negando. Percebi que Makoto estava mais vermelho que eu, mas para não haver interpretações erradas, ele resolveu revelar o motivo:
Ela vai comigo ver a minha mãe ele afirmou, tentando esconder a tensão e a timidez (sabíamos que aquilo ia dar o que falar).
Ela vai ver QUEM?? exclamaram Andou-kun e Hanabusa-kun, pasmados com a notícia
Falem mais baixo, pelo amor de Deus! Querem que escutem vocês na lua também? falou o Makoto para eles E sim, a Ichigo vai ver “aquela pessoa”
Desculpa, mas não é todo dia que se escuta isso, cara eles se desculparam.
Tudo bem. Agora vamos voltar ao trabalho.

Durante a tarde fizemos tudo o que podíamos, porque tínhamos muito pela frente (não é à toa que dizem que 24 é muito pouco) e trabalhar ajudaria a esquecer “aquele assunto”, que, aliás, não ousamos mais tocar nem mais uma vez sequer. Kashino ficava praticamente o tempo inteiro na cozinha, enquanto eu gostava mais de atender os clientes com a Rumi-chan e a Kana-chan. De tempos em tempos nós revezávamos, para não sobrecarregar ninguém, embora tivéssemos nossas preferências (e vamos combinar, a lábia feminina funciona bem mais para agradar ou convencer alguém). As horas passaram mais rápido do que imaginávamos que passaria, e sem que percebêssemos a noite já havia caído.
Quando vimos que já estava na hora, eu e Makoto nos despedimos de nossos amigos dizendo:
Estamos de saída! Tchau pra quem fica!
Decidimos ir de táxi até o endereço que a irmã dele entregou, porque só nos restava 10 minutos e era um pouquinho longe dali... Quanto menos esperávamos chegamos ao lugar de destino.
Quem nos atendeu foi a Miyabi (ainda bem, para o nosso alívio) que disse que já podíamos entrar, porque a mãe deles já estava a nossa espera, na sala.
Estão aqui, mãe ela anunciou, apontando para nós
Que bom. Assim que gosto ela disse, sem humor nenhum na voz.
Vou deixar vocês conversarem então a Miyabi falou, se retirando da sala
Não! a mãe, Kashino Rei afirmou Você fica também, Miyabi. Quero que esteja presente ela soou autoritária.
Está bem a garota concordou, sabendo que aquilo não era um pedido, e sim uma ordem.
Já que estamos todos aqui, então já posso começar fazendo algumas perguntas.
Logo que ela disse aquilo, Makoto me olhou de um jeito que dizia algo como: “prepare-se para o interrogatório que começa agora”.  Eu apenas assenti, segurando em  sua mão levemente, mas a irmã dele deve ter lido nossos pensamentos a julgar pelo seu sorriso sarcástico e seu olhar cúmplice na minha direção, o mesmo que Makoto havia me lançado segundos atrás.
A mãe, por sua vez, nada disse a respeito da troca de olhares entre nós, mas nos encarou fixamente. Pigarreou e disse, com a postura autoritária: (como se a gente tivesse escolha com alguém da família Kashino)
Vou começar por você, Makoto.
Ele engoliu em seco, e perguntou:
O que a senhora quer saber, exatamente?
Desde quando você está aqui? Sabia que a sua irmã estaria aqui também?
Faz alguns dias. E sim, eu sabia da Miyabi porque ela me contou que faria uma viagem para cá também.
E você, Miyabi, sabia dos planos do seu irmão?
Claro que sim. Eu o fiz contar a mim.
Makoto pouco gostou do que ouviu da boca dela, e fechou a cara, ao que ela retribuiu com um olhar que trazia a mensagem: “Não me culpe, só respondi o que me perguntaram. Você sabe que não temos escolha”
Que bom saber a mãe afirmou secamente.
Kashino Rei fitou seus filhos por alguns segundos, como se estivesse analisando ou pensando em algo específico.
Tem mais alguma pergunta a fazer, mãe? os dois quiseram saber. (isso é telepatia entre irmãos, só pra constar).
Tenho sim. Sobre aquele doce que você me trouxe pela manhã, Miyabi.
Começamos a suar e a ficarmos tensos. Segurei na mão de Makoto e ele minha, como forma de tentarmos nos acalmar.
E o que você quer saber sobre isso? Makoto questionou à mãe.
Vocês sabem quem fez o doce? É da pâtisserie do tio de vocês? ela perguntou aos filhos.
Por quê? Não tá parecendo? a Miyabi quis saber
Está parecido sim, no entanto há algo diferente... ela comentou.
“Agora lascou” pensei, mas continuei em silêncio, apenas esperando pelo que vinha a seguir. Me surpreendi ao escutar Makoto dizer:
Eu conheço a pessoa que fez! ele tinha o tom de voz decidido, com toda a confiança que possuía naquele momento.
Eu também a Miyabi afirmou, calma Todos nós conhecemos essa pessoa
Como assim “todos nós”? a mãe perguntou sem entender de quem se tratava.
Ao que a Miyabi tomou a frente:
Você conhece a pessoa porque ela se chama... 
... Kashino Makoto ele mesmo pronunciou o próprio nome, com o olhar desafiador para a mãe.
Você?! Como assim?? ela perguntou, surpresa e sem dar nenhum crédito a ele.
Fácil! Eu fiquei no topo da St. Marie...
Que não era mais que a sua obrigação! a mãe exclamou interrompendo-o
Não terminei ainda! ele exclamou mais alto ainda
E depois de se acalmar um pouco, continuou:
Depois ganhei o Cake GranPrix, fui para o Cake GranPrix internacional, estudei dois anos em Paris e abri uma loja no Japão mesmo, com uns amigos. E agora estou trabalhando numa Pâtisserie em Londres! Quer mais algum motivo?? ele se exaltou, ainda desafiando a própria mãe.
Ela pareceu não ligar para isso quando disse aos deboches:
Ha! E como quer que eu acredite nessa história? Você precisa de autorização pra sair do país. Até agora não sei como você veio parar aqui!
E por acaso precisa ser você a autorizar? ele estava sério.
Olha como fala, garoto! ela o fuzilou com o olhar.
Fui eu quem autorizou. Algum problema? a Miyabi admitiu, seriamente, pouco se importando com os comentários da mãe.
Perdeu o juízo, garota? Quantas vezes eu falei para convencer o seu irmão a não se tornar um pâtisserie para se tornar um médico? E a honra da família?
— Quantas vezes você disse não importa agora era a vez da mais velha desafiá-la Você sempre disse que era para valorizar os talentos da família. E foi exatamente isso que eu fiz. Você não pode me contrariar quanto a isso, ou você mesma vai se contrariar, Kashino Rei ela pronunciou o nome da mãe com tanta ênfase que todos ficamos surpresos. Quanto à honra da família, o Makoto não vai feri-la, porque alguém com talento só traz mais motivos de orgulho. E se para vocês todos “honrar a família” é continuar sempre rico, com status e sendo médico, nós dois vamos provar que estão errados! Muito errados. Entendeu? ela a fitou uma última vez
É exatamente como a nee-san disse! Honra é muito mais do que o que você e o resto da “família” pensa ser, mãe! Você só tem duas opções. Ou confia nos seus filhos ou acredita no que você mesma quer acreditar para depois descobrir a verdade tarde demais ele tinha uma determinação imensa na voz, mas dava para perceber que no fundo, no fundo era doloroso demais a ele escutar e dizer certas coisas, assim, de repente, devido às situações. Não queria que nenhum deles sofresse, então resolvi juntar todas as forças que havia em mim e dizer o que pensava daquilo tudo.
Makoto, Miyabi, não ia dizer nada à mãe de vocês, mas eu preciso falei sincera Nenhum deles me contestou, e eu fiquei aliviada por isso. Assim, continuei, agora olhando para a mãe deles:
Kashino Rei-sama eu a cumprimentei formalmente Por favor, considere as palavras de seus filhos. Eles têm razão em seguir seus sonhos, trilharem seus caminhos. Todos precisamos disso, se quisermos ter uma vida plena, feliz.
E quem é você para me pedir isso, menina? ela disse, com desprezo, mas eu não me deixei levar por isso. Não podia me dar por vencida, precisa ser forte. Por isso, falei com toda a certeza que carregava comigo:
Eu sou a pessoa que mais ama seu filho, e que sempre irá apoiá-lo em tudo. Eu sei que ele esforçou muito para chegar onde está agora, por isso tenho certeza que o futuro dele será brilhante. E pode não parecer, mas também sei que sua filha mais velha, Miyabi, fará de tudo para alcançar a própria felicidade, e não desistirá enquanto não o fizer. Agora responda: Acha mesmo que privando seus filhos de fazerem o que gostam ou sendo contra os sonhos deles você realmente está pensando no futuro deles? Realmente quer o melhor a eles? estava claro pela minha voz que aquilo não eram “apenas perguntas”. Eu estava enfrentando a mulher de verdade, disposta a qualquer coisa, qualquer risco por aqueles dois.
Depois de algum tempo, perguntei:
Então, já sabe a resposta?
Ficamos em silêncio, porque todos queríamos saber o que viria em seguida.
Sigam em frente, crianças foi a resposta dela. E somente com as suas últimas palavras é que todos nós pudemos suspirar aliviados e com a consciência tranquila. E pela primeira vez, Makoto e Miyabi puderam ter alguma esperança a mais por parte da mãe.

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